quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A entrevista para o Rabino Shmuley

Michael fala com Shmuley (parte 01)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 01 - Deus cura através das crianças


SB: Toda a dor pela qual você passou com todos os ataques, e eu tenho visto de primeira mão, e eu digo para as pessoas, muito do lixo que é dito sobre você é inventado e injusto. Então por que você não se tornou um adulto cínico, por que não jogou a toalha?


MJ: Eu te digo. Por que com a dor, e as flechas que as pessoas atiraram em mim ninguém foi capaz de tirar de mim. Eles provavelmente cometeram suicídio agora... Se tornaram bêbados. Por que foram cruéis e rudes comigo. E se pensam que eu não ouço ou vejo, eu ouço. Eu vejo. Foram as crianças. Eu tenho agüentado por elas ou então não teria conseguido. Não teria conseguido mesmo.

SB: As crianças te deram apoio para continuar? Ou você está dizendo que continua por que acredita que Deus te deu uma missão de tentar cuidar dessas crianças negligenciadas?

MJ: Deus me deu uma missão, eu sinto, fazer alguma coisa por elas e elas têm me dado o apoio, a crença e o amor para agüentar. Quando eu olho no espelho eu me sinto inteiramente curado de novo. É como ser batizado. É como ouvir Deus dizer, "Michael tudo ficará bem," quando eu olho nos olhos de uma criança.


SB: Até o que você entende, você parece estar dizendo que completou todas as missões menos a sua maior missão, e você está esperando por essa grande missão e que essa é que você ode cuidar de crianças. Isso significa que você não tem as mesmas ambições musicais?


MJ: Está brincando? Está um trilhão de vezes maior agora, da dança a música, me inspira mais ainda agora.


SB: Mas você pode mostrar amor para adultos, você ainda confia em adultos?


MJ: Eu confio em adultos...

SB: Mas você ainda é desconfiado de início... você tem que ser.

MJ: Sim, por que eles me traíram mesmo e me enganaram de tantas formas e em tempos diferentes. Eu tenho visto adultos às lágrimas dizendo, "É uma pena o que você tem passado e eu nunca jamais te magoaria ou faria qualquer coisa." E eles viram as costas e me magoam. Honestamente, é esse tipo de sujeira que eu tenho passado... Lágrimas e abraços. E eles acabam um anos depois me processando por algo ridículo... Como um fotógrafo por umas fotos, ou alguma pessoa que é demitida e que eu não demiti, mas eu é que sou processado por eles sem ter feito nada. Esse é o tipo de bobeira. 


SB: No momento eles provavelmente podem achar que tem razão e esse é o problema. Um dia depois as emoções podem mudar. Mas lá no fundo você ainda pode confiar. Você pode até ter se sentido traído e decepcionado, mas você tem que superar o medo que tem das pessoas. Isso é extremamente importante. Eu não seria seu amigo se eu não acreditasse nisso. Você tem me ensinado mais sobre apreciar meus filhos, e eu te ensinar mais sobre não ter medo.


MJ: Ah, isso é ótimo. Eu tenho tido tantos pais que vem até mim, porque quando os filhos deles me vêem, eles se apaixonam por mim. Eles enlouquecem. Eles querem brincar e escalar árvores, e eu faço tudo isso com eles. Eles chegam para mim com lágrimas e dizem, "Michael, eu não conheço meus filhos. Você me ensinou mesmo a passar tempo com meus filhos. Eu preciso aprender isso." Eles me dizem isso o tempo todo.


SB: Mas as crianças entediam a maioria dos adultos, especialmente se não são os filhos deles.


MJ: Mas como? Honestamente, me diga a verdade, elas realmente os entediam?


SB: Sim. Primeiro, por que crianças precisam de um dose fenomenal de paciência e muitos adultos não têm. Segundo, crianças fazem muita perguntas e, os adultos pensam, "Eu quero prosseguir com meu trabalho!" Por que os pais decidiram que ganhar milhões de dólares é importante, mas a criança quer saber porque um gato tem quatro patas não é importante. Você gosta desse tipo de pergunta vinda das crianças? Você acha que crianças sabem o que é importante até mais do que os adultos?


MJ: Depende do valor, do que consideramos verdadeiramente importante. Na minha sincera opinião, ser empreendedor e subir a escada da corporação e tudo aquilo, coisas mundanas que as pessoas fazem, isso é mundano para eles. Eu acho que as crianças veneram a diversão, o amor, elas venera, a atenção. Elas querem um dia repleto de diversão, coisas que quando você experimenta com eles você tem um lugar especial no coração delas para sempre. Isso muda o que eles se tornaram e o que o mundo se tornou, a totalidade do que acontece nesse universo. É o futuro.


SB: Mas e se alguém disser, "Diversão não é sério. Temos que trabalhar. Temos que curar doenças. Construir casas e saber qual será o clima no final de semana. E diversão não faz nada disso. Crianças têm que crescer para saber que têm responsabilidades, elas têm que trabalhar."


MJ: Eu acho que aprendemos através da brincadeira, através da diversão e depois da diversão eu acho que a magia acontece. Ou durante a diversão, a magia acontece. Eu sei que para mim acontece. Eu escrevi uma das minhas mais belas canções quando eu estava brincando com algumas crianças, para esse album (Invincible). Veio totalmente delas e quando eu tinhas as canções prontas eu disse, "ok, essa veio dessa criança, e essa veio dessa criança." Elas inspiraram isso. Veio do ser delas e da presença delas, do espírito delas. É verdade.


SB: Então crianças são como uma piscina e a água representa o divino. E enquanto você envelhece e cresce a água começa a ficar gelada até se tornar gelo. E crianças são esse reservatório de calor, água livre e que você pode brincar, enquanto houver gelo é duro e frio e não é convidativo. Então você quer que os adultos degelem, como eram, derretam para a piscina de novo.


MJ: Por isso quando eu dirijo filmes - e eu vou começar a dirigir de novo em breve - eu vejo tudo através dos olhos de uma criança. Todas as minhas estórias serão sobre problemas com crianças, como eles são afetados pelo mundo e como eles vêem o mundo através dos olhos delas, por que é tudo com o que eu consigo me relacionar. Eu não consigo lidar sobre uma estória sobre tribunal ou crime de assassinato. Eu não entendo isso. Eu consigo entender se uma criança estiver envolvida em um crime e traçar sua vida e o que aconteceu, e por que aconteceu e como ela está se sentindo sendo sentenciada à uma pena perpétua, e o que se passa em seu coração pulsante. Isso eu consigo entender. Isso eu consigo dirigir, eu consigo escrever sobre isso por que eu sinto isso.


SB: Como um adulto pode sentir isso? É um dom? Eu posso adquirir isso? Estando perto de você eu posso sentir isso mais.


MJ: Isso é muito doce.


SB: Eu adoro muito meus filhos, mas eu não adoro tanto os filhos dos outros. Mas quando eu vejo Prince, ele derrete meu coração por que ele é uma criança tão amorosa e calorosa.


MJ: É assim que eu quero que eles sejam. Desde que eles eram bem pequenos eu os ensinei a amar todo mundo.


SB: Como você vai preservar isso enquanto eles crescem? Você vai protegê-los, obviamente, de coisas do tipo News of the World ( um tabloide)

MJ: Eu os ensino a amar todo mundo e ser gentil, ser bom em seus corações. Mas eles têm isso naturalmente. Eu não tive que programar... Eles têm naturalmente. (nesse ponto Michael muda o assunto para cinema) ...o que eu quero que você saiba sobre mim é como eu adoro filmes e arte, e eu quero muito dirigir. Eu poderia gritar, eu quero mostrar ao mundo através dos olhos de uma criança por que eu as entendo tanto. A dor delas, a alegria dela o riso e o que as machuca. E eu vejo o mundo através dos olhos delas e quero retratar isso em filme. Essa é minha verdadeira paixão. Eu adoro. É demais.

SB: Então como diretor você pode dar ao mundo inteiro uma visão de como são as crianças por que você vê através dos olhos delas, mesmo se você fizer um filme para adultos?


MJ: Sim, e pesquisei meu coração muitas vezes e disse, " Eu posso um filme sério para adultos?" E eu sei que posso. Mas eu não acho que eu iria curtir. Eu não acho que iria curtir. Eu sei que posso fazer, mas eu não iria curtir.


SB: Se houvesse um filme que você pudesse ter dirigido, qual seria?


MJ: ET, O Mágico de Oz, 400 Blows, que é um filme ótimo de François Trufaut. Eu adoro Shane e eu sou doido por To Kill a Monkbird. Essa é a estória que eu vejo e toda vez que eu vejo eu fico com nó na garganta. Você já assistiu? Oh, mal posso esperar para te mostrar. Por favor, assista comigo. Vamos desligar todos os telefones e vamos apenas assistir.


SB: As crianças podem assistir?

MJ: Absolutamente, elas vão aprender. É sobre racismo no Sul. É sobre um homem que é levado à julgamento sob suspeita de ter violentado uma mulher branca. Há umas áreas fortes, mas é visto através dos olhos de uma criança. Cara, esse filme vai te envolver. Eu o adoro muito. É definitivamente um dos melhores filmes. Eu gostaria de tê-lo dirigido. Oh Deus, é tão bonito.





Michael fala com Shmuley (parte 02)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.


Parte 02 - Michael amava 'pregar peças...'



SB: Fale-me mais sobre suas brincadeiras.

MJ: Uma vez eu peguei uma garrafa cheia de uísque e derramei no copo numa dessas reuniões sérias com todas aquelas pessoas e eu comecei a beber a coisa toda num trago só. E eu engoli e comecei a respirar e todo mundo ficou em silêncio. Eu tinha enchido com água. Eles morreram de rir. Eu adoro fazer coisas assim. Eu os peguei, Shmuley! Eles pensaram que fosse vodka.

SB: Eu estava visitando o meu irmão em Los Angeles. Debbie e eu estávamos namorando na época. Debbie veio até minha casa por que eu queria me casar e eu queria a bênção do meu pai e tudo isso pois somos muito tradicionais. Meu pai veio do Centro Leste e ele estava olhando para Debbie, ela tinha 19 anos e eu 21. Eu me casei muito jovem.

MJ: Gostaria de ter feito o mesmo.

SB: Eu sempre digo que é melhor casar com a pessoa certa na hora errada do que com a pessoa errada na hora certa. De qualquer forma, sabe aquelas pimentas bem picantes, as vermelhinhas. Meu irmão, que é um brincalhão de mau gosto, disse à Debbie, que tem essa natureza doce e de confiar, "Coma essas." Ela disse, "Não são daquelas picantes?" Ele disse, "Não. Elas são das doces." Debbie pegou duas e colocou na boca. Ela ficou vermelha, roxa, azul e disse, "Oh meu Deus. Água!" Meu irmão disse, "Aqui está a água," e ele deu para ela, ela bebeu tudo. E era vodka. Vodka pura. Era a primeira vez que ela visitava meu pai. Debbie não podia beber. Ela mal bebia vinho. Ela quase desmaiou.

MJ: Isso é engraçado.

SB: Debbie era muito inocente e ingênua. Fale-me mais sobre as brincadeiras de mau gosto que você fez?

MJ: Eu gosto de fazer esse tipo de bagunça. Fala para ele Frank.

Frank: Shmuley, fomos para o sul da França receber um prêmio musical. Estávamos numa suíte de frente para o oceano. Era uma vista linda. Lá embaixo havia pessoas comendo em um restaurante, gravatas elegantes, ternos, coisa bonita, comida. Era 7:30-8:00 pm e ainda estava claro. Estávamos olhando um para o outro e tivemos a mesma idéia. Pegamos um saco de lixo e o enchemos de água e lá em baixo tinha um casal jantando. Nós jogamos [ o resto é inaudível por que Michael e Frank estão rindo]... O aguaceiro estava sobre a mesa. Quase morremos de tanto rir. Foi tão mau, o jantar estava acabado. Eles estavam se retirando.Na mesma noite, 4 am, as pessoas estavam chegando, o sol estava nascendo. Estavam cantando. Pegamos um balde de água e esperamos até chegarmos perto o suficiente.Eu amo coisas assim. Eles não sabem de onde veio.


MJ:Foi tão divertido.


SB: Você já foi pego?

MJ: Não. E um dos meus gerentes de palco me fez um laser e era desse tamanho ( Michael faz um gesto com a mão) e alcançava muitos metros. Pessoas poderiam estar andando por quarteirões distantes, mas nós fazíamos esse ponto vermelho os seguir. Fazíamos isso em todo lugar. Aqui em Four Seansons, eles chamaram a polícia e bateram na porta. Foi há quatro anos atrás. Estávamos espiando no quarto de alguém, foi tão divertido. Nós nos escondemos por que não queríamos perder. A polícia batia na porta e nossa segurança foi falar com eles e cuidou de tudo. Eu não sei o que ele disse. Você tem que ter alguma diversão, vamos lá. Adoramos qualquer coisa com água.

Frank: Estávamos num hotel uma vez...

MJ: América do Sul não foi?


Frank: Enchemos uma lata de lixo com água e você a inclinou na porta e quando você abriu a porta a água caiu em cima de você.


MJ: Eu adoro isso.


Frank: Havia um cara e uma garota que não estava usando a parte de cima (do biquini). Nos inclinamos, e os vimos, e foi tudo de repente, whoom!


MJ :[rindo] Quando a água desce eu adoro isso. Quando eles pulam, me mata.


SB: Você só foi pego uma vez com aquele laser? Onde está o laser agora?


MJ: Está guardado em algum lugar na Califórnia. Gostaria de encontrá-lo. Eu o levaria pelo mundo inteiro. Ele alcança milhas. Qualquer um desses prédios (Michael aponta pela janela) onde você estiver andando, estaria um ponto vermelho.





Michael fala com Shmuley (parte 03)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 03 - O talento musical

SB: Deixe-me te perguntar uma coisa. Isso é o que faz de você único - que você é talentoso além do limite. Negros têm mais ritmo do que brancos? Quando você fala de dança e tudo mais, é como uma piada, mas não é só uma piada que brancos não tenha ritmo. Quando você fala, assim, o ritmo natural e tudo mais e do jeito que esses jovens negros no gueto, o jeito que eles dançam, você sempre fala sobre isso. É como se fosse natural. Você sempre vê isso por aqui em Manhatan? Esses jovens que fazem música nas ruas. É incrível!
MJ: É incrível, e é natural. Eles tem esse ritmo natural que ninguém consegue explicar. É um talento natural.


SB: Você vê brancos com esse talento?


MJ: Não é a mesma coisa e eu não estou dizendo por dizer...


SB: Mas o senso de tempo...
MJ: Stan sempre me dizia, e ele ia em todos os clubes de negros. Ele sentava no Teatro Apollo e chamava isso de 'Cut-time rhythm'. Ele disse que tinha que ter o ritmo negro então ele saía com os negros para pegar esse 'cut-time rhythm' [ Michael faz sons]. Sabe, isso é o que rappers fazem agora - eles usam 'cut-time rhythm' (ritmo de tempo cortado). Isso é uma coisa de ritmo natural.


SB: Isso reflete no ritmo interior deles?


MJ: Sim, sim. Mas você pega uma criança negra e tem um ritmo de adulto, como um verdadeiro dançarino. É apenas uma habilidade natural, sabe?


SB: Sem tentar penetrar profundamente nisso, tradicionalmente, a África é mais como uma criança do que a Europa. A Europa se encheu de orgulho na sofisticação, nos perfumes e roupas elegantes. A África foi descartada como ' mais primitiva', mas por conseguinte muito mais natural, mais orgânica. Eles eram muita mais próximos da terra. Então poderia ser que eles nunca se separaram de seus ritmos naturais? 


MJ: Mas como isso se tornou genético?


SB: Eu não sei.


MJ: Você poderia colocar uma criança escocesa ou irlandesa na mesma situação, deixar que nascessem na África entre aqueles...


SB: Bom, esse é todo um assunto sobre Elvis, certo?


MJ: Elvis sempre estava com negros.


SB: E ele adquiriu aquele ritmo, certo? 


MJ: Sim, ele adquiriu aquele ritmo, ele queria executar passos, ele falava como negro e agia como negro. Nós conhecíamos Elvis muito bem e Lisa Marie e eu sempre falamos sobre como...


SB: Ele não foi um homem branco, você não acha que teria tido tanto êxito, certo?


MJ: Nem de perto. Nem de perto por que era esperado dele. Se lembra do slogan que Philips, que tinha a Sun Records, disse, " Se eu encontrasse um branco com o som de um negro, eu poderia ganhar um milhão de dólares." e apareceu Elvis Presley.


SB: Agora, você fez uma pergunta incrível: "Como isso se torna inato, sabe?" E principalmente a ciência hoje não acredita em adquirir características. Você não consegue transmitir características para um filho que você adquiriu ao longo da vida. Então, se você tem um grande talento musical, você irá passá-lo a Prince. Mas se alguém te ensinou, você não pode passar para Prince. Ele tem que aprender sozinho. Não está nos genes.


MJ: Sim, sim.


SB: Quando eu estava na minha competição de pregação no primeiro ano, eu fiquei em segundo, eu perdi para um pregador caribenho e éramos tão próximos. Eu perdi por uns 3 pontos de 103 e todos disseram, "Ele tinha senso de tempo, você não." Ele sabia como esperar, sabe como um pregador deve construir. E todos os meus amigos me disseram, "Shmuley ele tinha ritmo." [ambos rindo]


MJ: Mas você é incrível.


SB: Não, mas ele tinha mesmo. Eu te disse, os pregadores negros são os melhores do mundo. São os melhores oradores. Olhe para Martin Luther King. Não há ninguém...


MJ: Eu choro quando ouço ele falar. Chego a soluçar.


SB: Ou mesmo Jesse Jackson, ou alguns dos pregadores aqui. Reverendo Floyd, aqui em Manhattan, deve ser os melhores do país...


MJ: Mas você é tão eloqüente. Quero dizer, você pinta quadros com suas palavras e faz pensar. Você alcança tudo. É brilhante.


SB: Mas é sobre ser movido pelo espírito e crianças são movidas.


MJ: Mas de onde você pega as palavras?


SB: Sabe, eu estava descrevendo no livro o que aconteceu na sexta a noite quando você veio jantar em nossa casa. Foi fascinante.


MJ: O que aconteceu?


SB: Todos nós adultos começamos a jantar e você subiu para brincar de esconde-esconde. E você foi como o Flautista de Hamelin, as crianças foram até você imediatamente. Pouco a pouco... os adultos foram para o terceiro andar, para o segundo andar. Eles sentiram mesmo que estavam perdendo alguma coisa, por que todos estavam se divertindo e eles não. Eles estavam conversando sobre política. Foi como o Flautista de Hamelin, e eles queriam fingir que estavam subindo por causa das crianças.
MJ: Eu adoro quando os seus amigos te atacam... Eu adoro isso! Eu adoro quando eles fazem isso.






Michael fala com Shmuley (parte 04)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 04 - A eterna criança em Michael
SB: Quando as pessoas usam a expressão adulto, pode significar maduro, equilibrado, educado, moderado. Pode significar paciente. Mas às vezes tem conotações negativas que eu quero que você comente. Pode conotar ser cínico, que não pode se confiar, que faz intrigas, manipulador, corrupto, que julga, assustado. Me diga algumas das coisas negativas que os adultos aprendem enquanto envelhecem.

MJ: Eles têm tanto tantos problemas, os adultos. Eles têm estado tão condicionados pelo pensamento e os sentimentos dos outros. É por isso que eu não confio na maioria dos cães. Não é o cachorro. É por que pessoas pousam o que eles acreditam e toda a raiva e frustração está encravada naquele cachorro e ele se torna essa coisa viciosa e louca. E eu não sei o tipo de coisa que ele traz com ele para mim quando vem me cheirar. Então é como se fosse outro adulto. É por isso que fico com medo.

SB: Então você quer saber quais são os motivos da pessoa. Você quer saber se ela tem uma natureza viciosa ou...

MJ: Sim. Mas essa é a perfeita representação do que as pessoas se deixaram transformar. Em algum lugar no caminho elas se perderam e eu acredito em apenas permanecer como uma criança, inocente e simples. Como Jesus disse, " O maior dentre mim é como esta criança aqui. Sejai como ela serás o maior aos meus olhos." Quando muitos adultos primeiramente vêm até mim, eles olham para mim e checam o que você veste e com quem você está. Eu percebo isso. Então uma vez que falam comigo e veem que eu sou apenas uma pessoa simples que quer ser amiga, o coração delas derrete. Eu percebo.

SB: Então crianças aceitam melhor inicialmente. Elas não julgam.

MJ: Sim, elas deixam sair tudo. Elas dizem, " Oh meu Deus, é Michael Jackson." E eu respondo, "Oi." Um adulto sorriria e diria, "Oi." Então, julgaria um pouco e diria, " Eu gosto do que você faz," mas eles não deixam tudo sair. [Não se deixam parecer impressionados].

SB: Por que não se deixam? Por que engarrafam o entusiasmo? Estão tentando mostrar " Não vou ser vencido por você... Eu sou uma pessoa também." É insegurança?

MJ: Eles passam por uma guerra psicológica, como se aproximar de mim, o que dizer, o que não dizer. Mas o que eu quero que eles saibam é que eles deveriam ser eles mesmos, ser como uma criança. Ser inocente. Ser do jeito que eram quando nasceram.

SB: Talvez o que você esteja dizendo para eles é isso: "Eu não estou tentando ser maior do que vocês. Eu sou quem eu sou, e vocês só sejam quem são. É quase como se você estivesse dizendo que crianças são mais iguais à você do que os adultos.

MJ: Claro que elas são. Eu me relaciono com elas muito mais fácil. Elas não vêm até mim com toda a bagagem e tal. Elas só brincam. Não querem nada de você. Você não quer nada delas além de amor e inocência, e encontrar a verdadeira felicidade e magia juntos.

SB: É como se os adultos te fizessem ser alguém que você não quer ser. Você não quer ser defensivo e artificial e não quer ter uma conversa fiada e estúpida. Quando crianças vêm até você com todo aquele entusiasmo: 'você é Michael!'. Mas perto de adultos você vem com uma agenda. Você dá a analogia do cachorro. Você não sabe como reagir então fica defensivo. Eles te transformam em alguém que você não quer ser. 

MJ: Isso mesmo. É por isso que eu me tornei... não vou dizer que eu deixei que eles vencessem a guerra, mas eu apenas não me importo em estar perto deles. Pode levar essa mensagem. Você mudará muitas pessoas [para serem mais como uma criança]. Nós iremos literalmente e mentalmente batizá-los com nossas palavras e nossos livros, com o que quer que fizermos. Mas há tantos lá fora que fecharam mentalmente a porta e que não querem mudar, se recusam a ver a luz. Mas podemos ajudar muitas pessoas, muitas delas são muito, muito difíceis. Elas têm estado tão condicionadas.
Mas eu acredito que você pode mudar muitas pessoas. É isso o que é maravilhoso nisso tudo. Você pode mostrar à eles. Há 'crescidos' que vem para Neverland e dizem, "Sabe, eu não tenho feito essas coisas há muitos anos...¨Você pode baixar a guarda e ser criança de novo."Eu digo," É para isso que serve Neverland. Para retomar a inocência. Para se divertir."






Michael fala com Shmuley (parte 05)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 05 - Michael, as crianças e Elisabeth

SB: Você acha que as crianças podem nos ensinar o amor?

MJ: Sim, de um jeito diferente, pois são muito cheios de afeições. Elas podem nos ensinar afeição e é afeição quintessêncial e pura inocência. É por isso que eu as amo tanto. Eu estava dizendo para o Frank outro dia, "Frank, eu sou apaixonado pela inocência. É por isso que amo tanto crianças." Inocência é Deus. Ser inocente assim e alcançar coisas com um olhar doce da vida... Onde uma criança vai pela casa você diz, " O quê está fazendo?" ela responde, " Sei lá, brincando." É doce. Eu adoro isso. É por isso que eu estou na pintura [na parede da casa de Michael há uma pintura mostrando centenas de crianças brincando em Neverland]... Uma criança está gritando ao vento por que está se sentindo muito bem. Está gritando por está gritando. Eu adoro isso. Romance. Romance.

SB: Quase como se eles acreditassem no amor, eles não têm medo de se machucarem. As pessoas têm medo do amor hoje em dia.
MJ: São o amor e o romance duas coisas diferentes? É por isso que eu fico confuso. Eu vejo o romance como uma coisa que se anseia. Anseia-se por isso além de um estágio.

SB: Você vê o romance como que inventado pelos filmes de Hollywood?
MJ: Sim, bastante.

SB: Crianças são bastante românticas. Elas têm romances no jardim da infância.

MJ: Quer dizer, quedinhas por outras crianças?

SB: Sim.

MJ: Sim, elas têm. Elas te ensinam a ser amoroso e doce e nos ensinam de uma forma que provavelmente... Elas dão chance à todo mundo e eu ensino Prince e Paris à amar todo mundo.
Elizabeth Taylor é bem como uma criança. Não há o que você possa fazer quando ela diz, "Eu não quero fazer isso." Quando saiu Vida de Inseto, ela me perseguiu até conseguir ajustar minha agenda para podermos assistir esse desenho. Então tivemos que ir a um cinema público às 1:00 h mais ou menos. Ela me fazia sair toda quinta-feira, pois ela dizia que eu era muito recluso.

Todo mundo estava no trabalho, então não havia ninguém lá e nunca pagamos... Nós chegamos sem nada e eles diziam sempre, "Oh meu Deus. Elizabeth Taylor e Michael Jackson." Nós tínhamos pipoca grátis, tudo. Ela adorava Vida de Inseto e ama Neverland. Ela vai ao carrossel e na roda gigante, mas não nos carrinhos de bate-bate.Há outra qualidade de criança em Elizabeth Taylor. Em Jane Eyre quando ela tinha 8 ou 9 anos. Nossos pais eram muito parecidos, duros, difíceis e brutais. Ela é brincalhona, jovial e feliz, e acha uma forma de rir mesmo quando está sofrendo.

Está sempre pronta para brincar qualquer jogo, ir nadar. Ela é muito boa com crianças. Ela adora brinquedos e desenhos animados. Eu aprendi muito com ela. Ela me conta sobre James Dean, Clark Gable, Spencer Tracey e Montgomery Clift, porque ela filmou com eles. Ela me conta como eles realmente eram, os que eram pessoas legais e os que não eram.Estávamos em Singapura - ela esteve na maior parte da turnê Dangerous comigo - e decidimos que iríamos ao zoológico. E saíamos, tivemos nossa turnê particular e nos divertimos. Ela é madrinha de Prince e Paris e Macaulay é o padrinho. Ela reteve aquelas qualidades de menininha. A meninina que você vê em Jane Eyre e em Lassie Come Home, ainda está lá. Está nos ohos dela. Ela tem esse brilho como uma criança. Ela é tão doce.

Mas Shirley [Temple Black], também.Ela diz, "Você entende, não é? Você é um de nós!"[Elizabeth Taylor e eu] nós somos como irmão e irmã, mãe e filho, amantes... era um potpourri... É algo especial. Nós ficamos choramingando ao telefone... "Eu preciso de você... Oh, eu preciso de você, também." Podemos conversar sobre qualquer coisa. Ela tem sido minha mais leal amiga. Ela diz que me adora e que faria qualquer coisa por mim. Ela diz que Hollywood teria que escrever um livro sobre nós dois. Nós temos que fazer alguma coisa juntos.

SB: Você fica com ciúmes quando ela namora outros homens? Ela se casou no seu quintal.
 
MJ: Se eu fico com ciúmes? Sim e não. Eu sei se fizermos alguma coisa no sentido romântico a imprensa seria tão má e repugnante e nos chamaria de " O Casal Estranho". Transformaria tudo num circo e isso é a dor de tudo. Sabe, eu a empurro na cadeira de rodas às vezes quando ela não consegue andar. Não é da conta de ninguém o que temos. Eu tenho que estar com pessoas como eu. Alguns rappers dizem para mim, "Vamos sair. Vamos a um clube." E eu digo, " O quê? Sair? Eu acho que não!" Esse tipo de coisas não é parte de mim.

Naquela turnê [Dangerous], ela me alimentou, pois eu não queria comer. Quando eu fico chateado, eu paro de comer, às vezes até eu cair inconsciente. [As acusações de abuso sexual foram feitas contra Michael quando ele estava em turnê em 1993]. Ela pegava a colher, abria minha boca e me fazia comer. Ela dizia que não me deixaria ir sem ela, e os médicos dela a aconselhavam a não fazer isso.

Ela foi a Tailândia e seguiu com a turnê até Londres. Eu terminei na casa de Elton John e ele foi muito gentil em me esconder. Ele foi uma das pessoas mais gentis que eu pude conhecer nesse planeta. Ele e eu tomamos conta de Ryan White, e todas as despesas médicas dele.Então eles começaram a fazer por via intravenosa. Eu passei por essa séria de crise alimentar quando fiquei semanas sem comer. Tomei coisas para ganhar peso.
O que me desmotiva é que eu não gosto de comer nada que uma vez estivesse vivo e que agora está morto no meu prato. Eu quero ser um vegetariano rígido, mas meus médicos sempre tentam colocar frango e peixe.




Michael fala com Shmuley (parte 06)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 06 - Michael e Shirley Temple

SB: Estávamos falando de Shirley Temple. Ela te disse que em você ela achou um espírito de afinidade, pois você foi uma estrela mirim e ela foi uma estrela mirim.
MJ: Absolutamente.
SB: Então você arranjou para ir visitá-la?

MJ: Bom, um amigo dela é amigo meu. Eu conheço esse cara por vinte e cinco anos, e ele é um doido. [ Michael se refere ao produtor/promoter David Gest, melhor conhecido fora de Hollywood por casar e depois se divorciar de Liza Minelli]. Mas ele se tornou uma pessoa poderosa de verdade, pois produz muitos shows e faz todos esses eventos para celebridades, e ele é um cara legal. Então eu fui lá com ele. Fomos muito também ao Memorabilia Convention porque EU ADORO FILMES MEMORIAIS. Eu estava disfarçado lá todos os dias, mas eu acho que eles sabiam que era eu. Mas foi divertido. Me diverti bastante com Shirley Temple.

SB: Quanto tempo passou com ela?

MJ: Muitas horas. Eu fui para a casa dela. Saí de lá me sentindo batizado, mesmo. Eu não sabia que iria acabar chorando quando a visse e eu chorei. Eu disse " Você sabe como salvou minha vida!" Ela disse "Como assim?" Eu disse " Muitas vezes eu estive no fim prestes a jogar a toalha e então eu apenas pegava sua foto e sentia que havia esperança e que podia sobreviver a isso!" E ela respondeu. "Mesmo?" Eu disse "Sim!"

Tinha um cara que viajava comigo. O trabalho dele era, antes de eu chegar ao hotel ele deveria colocar fotos de Shirley Temple no quarto. Eu fiz isso por muitos, muitos anos. Todas as fotos dela e recortes, era o que ele fazia. Então quando eu chegava eu a via. Eu a tinha no espelho do camarim. Ela era tão feliz. Ela disse, " Eu te amo, quero que sejamos mais próximos. Quero que você ligue para mim, entendeu?" Ela olhou para mim e disse, "Sinto muito eu cresci!" Eu disse, "Você não deve se desculpar,pois eu sei como é, passei por isso!"
Houve uma vez, eu estava num aeroporto - e eu nunca me esquecerei disso enquanto eu viver - e tinha uma senhora que disse, " On, os Jackson 5. Oh meu Deus! Onde está o pequeno Michael? Onde está o pequeno Michael?" eu disse, "Estou aqui!" Ela disse, " Urhhhg! O quê aconteceu?" Eles querem que você fique jovem e pequeno para sempre. Você passa por um estágio estranho e eles querem te manter pequeno. Ela [Shirley Temple] passou por pior, pois ela não só passou por esse estágio, era o fim da carreira dela. Mas eu me formei em outras coisas. Muitas das estrelas mirins não conseguem por
que se tornam auto destrutivas. Elas se destroem por causa dessa pressão.

SB: Que que tem a pressão?

MJ: A pressão que eles foram tão amados e quando alcançam certa idade os estúdios não os querem mais. O público não os reconhece mais. Há um 'deu de si'. Muitos deles não passam dos 18 ou 19, ou em seus 20 anos... Essa é a verdade - como em 'Our Gang Kids'. Bobby Driscoll que fez 'So Dear to my Heart', 'Song of the South', morreu aos 18. Todas essas pessoas se você traçar a vida delas é a mesma coisa, é duro.

SB: Você conversou sobre isso com ela.

MJ: Sim, conversamos.

SB: Como foi para ela a transição de ser uma grande estrela mirim para uma pessoa adulta sem mais bonitinha?

MJ: Ela disse que foi muito forte e que isso foi muito duro e que chorou muito. E você chora muito. Eu chorei bastante. Ela foi muito forte com isso, e é duro. Ela está escrevendo outro livro. Ela escreveu um. Está escrevendo outro. O primeiro se chama 'Child Star'. Eu não li. Não estou pronto para ler.

SB: Você sente que ela é uma das poucas pessoas que te entendem , pois você não teve infância como ela?

MJ: Eu disse para ela, " Você curtiu?" Ela disse que adorou e eu disse " Eu adorei também." Eu adorava estar no palco e adorava performar, mas há aqueles como Judy Garland que eram empurrados para lá, que não queriam fazer isso, e ficava difícil. Elizabeth passou por isso. Ela passou um inferno e ela foi uma estrela mirim, e por isso que nos entendemos tanto. Nós entendemos mesmo.

SB: Todas as estrelas mirins são como você? Todas elas amam crianças?

MJ: Todas amam crianças, todas. Elas têm essas coisas para brincar em volta delas e agem como crianças por que nunca tiveram a chance de serem crianças. Elas têm essas coisas divertidas em casa e ninguém entende. Nunca houve um livro escrito sobre isso por que há pouco de nós que sobrevivemos e podemos falar sobre isso. Não é fácil... Não é fácil.

SB: Você se sente seguro perto dela? Você disse que se sentiu batizado. Você se sentiu redimido estando na presença dela?

MJ: Mmmm, sim. [Ele começa a chorar] Eu não sei se você entende.

SB: Para ser honesto, não completamente, mas eu quero compreender.

MJ: Não compreende mesmo, compreende?

SB: Eu tenho tentado. Apenas explique para mim de onde vem a dor? Você consegue explicar, ou quando você está perto de Shirley você não tem que explicar. Ela apenas entende?

MJ: É como telepatia. Você consegue sentir a fala do outro e olhar nos olhos e eu a sinto, e ela me sente assim. Você pega e detecta tão rápido. É como se comunicar silenciosamente. É assim e eu sabia que me sentiria assim quando a visse, eu sabia. É o mesmo com Elizabeth [Taylor].

SB: Qual é a origem da sua dor, Michael? Quando você chora assim, o que machuca?

MJ: O que machuca é que tudo acontece tão rápido e o tempo passa tão rápido. Você sente que perdeu tanta coisa. Eu não faria de novo nada disso. Mas a dor vem do fato de que você não teve mesmo a chance de fazer coisas simples e importantes e isso dói. Coisas pequenas e simples, como, eu não sei... Eu nunca tive aniversários, natais ou dormi na casa de amigos ou nada dessas coisas simples e divertidas. Ou fazer compras, pegar coisas na prateleira, sabe essas coisas simples como sair na sociedade e ser normal.

SB: Então o mundo inteiro sonha em estar diante de cem mil pessoas num concerto e você está sonhando com as pequenas coisas que todo mundo faz?

MJ: Por isso que quando faço amizade geralmente não é com celebridades, geralmente é com famílias simples e normais em algum lugar. Eu quero saber como é a vida deles. Foi por isso que eu fui àquela cabana na China ou para algumas daquelas casas flutuantes na América do Sul. Eu quero saber como é. Eu já dormi em lugares loucos onde as pessoas dizem " Você está doido?" e eu digo, " Não, eu quero saber como é."

SB: O quê você sente que perdeu? Você sente que perdeu algo essencial na vida? É quase como em sua infância que você pode ser amado sem ter que se provar. É isso o que você sente falta? Que você sempre tenha que trabalhar, se testa, você não poderia apenas viver? Você tinha que ser avaliado, julgado, encarado. Você é um item de curiosidade?

MJ: Sim, e você fica cansado e me desgasta. Não dá para ir a algum lugar onde não manipulem o que você faz o que você diz, isso me incomoda muito, e você não tem nada a ver com o que eles escrevem, nada. Ser chamado de "Whacko" (doido), isso não é legal. As pessoas pensam coisas erradas sobre você por que eles inventam. Eu não sou nada disso. Eu sou o oposto.

SB: Alguém disse que a essência da solidão é sentir que não é compreendido. Você se sente sozinho onde está por essa razão?

MJ: Sim, claro.

SB: Você está por sua conta, e se sente tocado quando está com alguém como Shirley Temple, pois sente o mesmo tipo de solidão?

MJ: Sim, ela entende. E você pode falar com ela. É difícil fazer outras pessoas entenderem por que não passaram por isso. Você tem que sentir, você tem que tocar, saber como é de verdade.
SB: Shirley Temple manteve as qualidades de criança do jeito que você manteve? Ela é brincalhona, ou você puxou isso para fora dela?

MJ: Apenas estava lá, ela veio até a porta de avental. Ela estava cozinhando e depois almoçamos. Ela ficava tocando a minha mão sobre a mesa, carinhando-a, como se soubesse o que fazer, entende? Depois ficamos à mesa e conversamos, apenas isso. Eu estava vendo aquelas fotos maravilhosas. Ela tinha cada filme que tinha feito em sua figura pitoresca naquele livro e eram todos originais de Georige Hurrel, um grande fotógrafo, e você vê essas coisas e é incrível.

Ela tinha todos os vestidos que tinha usado nos filmes. Ela tinha tudo. Eu prometi para ela que faria um museu para estrelas mirins e ela me daria o que tinha para o museu e eu iria conseguir outras coisas, todas as fotos, tudo, para honrar estrelas mirins. As pessoas não sabem o que aconteceram com elas.
Eu não acho que as pessoas saibam que Bobby Driscoll desapareceu por mais ou menos um ano e ninguém o reconheceu. A própria família dele não sabia que ele estava num túmulo pobre por overdose de heroína. Ele era um gigante da Disney, a voz de Peter Pan. Ele fez 'So Dear To My heart'. Ele ganhou um 'Academy Award' por 'The Window' e 'Song of the South'. Eu vejo esses jovens e consigo me identificar com eles assim.
SB: Você vai vê-la novamente?
MJ: Oh sim. Vou convidá-la para Neverland. Ele me pediu para dar um alô para Elizabeth. Ela perguntou muito por ela.
SB: Elas se conhecem?
MJ: Elas têm se visto e passado algum tempo juntas. Mas eu disse para Elizabeth hoje e ela disse, "Ohhh. Você precisa dizer 'Oi' por mim." Eu contei para Elizabeth que passei o final de semana com ela, e ela disse, " Passou?" eu disse, "Sim." E ela ficou chocada que eu tenha ido lá. Foi ótimo.
SB: O que havia em Shirley Temple, especificamente que te tocou profundamente, e você acha que qualquer garotinha possa ter uma Shirley Temple por dentro?
MJ: A inocência dela, como ela me faz sentir bem quando eu estou tão triste. Era tanto pela dança e canto dela. Era o ser dela. Ela tinha o dom de fazer as pessoas se sentirem bem por dentro. Todas as crianças Têm isso, cara, ela é tão angelical comigo e toda vez que a vejo, pode ser em filme ou em uma foto, eu me sinto tão bem. Eu tenho fotos dela em todo o quarto lá. Me faz tão feliz.
SB: Você viu Shirley Temple em 'Shirley Temple Black' quando a viu aqui? Ela ainda era uma garotinha? Ela era como você? Ela manteve a inocência de criança, ou você puxou isso nela?
MJ: Ainda está lá. Ela é tão doce.
SB: Quantas pessoas você conheceu que são assim? É realístico? Você conhece muitos adultos que podem ser indefesos e que não precisam que você levante sua guarda em relação à eles, ou que não se sintam intimidados?
MJ: Muito poucos.
SB: Então poucos têm isso. São pessoas como Elizabeth Taylor, especialmente estrelas mirins? Pessoas que não tiveram infância e que passam a vida tentando reganhá-la é isso que as faz como crianças?
MJ: Sim, e algumas pessoas têm isso naturalmente. Muitas pessoas criativas têm, e tiveram infâncias ótimas. Eu conheci pessoas assim e trabalhei com elas, foram diretores e escritores, e parecia que estávamos todos no mesmo caminho. Colecionávamos as mesmas coisas, éramos fascinados pelas mesmas coisas.
Eu vi. Eu vi o porão de George Lucas e tudo o que ele coleciona é o mesmo o que eu coleciono. Steven [Spielberg], o mesmo o que eu gosto e coleciono. Trocamos notas nessa troca de coisas. São coisas simples como cards de chicletes velhos e certas revistas... até pinturas originais de Norman Rockwell. Quero dizer, eu estava na casa de Steven Spielberg hoje e ele tinha a mais linda e original pintura de Rockwell. É tão grande e linda.







Michael fala com Shmuley (parte 07)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 07 - Em busca da amizade



SB: Amor e medo, como eu disse são anti éticos. São como fogo e água. "Quanto mais do primeiro, menos do último"(provérbio local). Quanto mais valioso você se sentir, menos você teme sua destruição. Quanto mais amor você tem em sua vida, menos espaço fica para o medo.
MJ: Isso está certo. Eu costumava andar pelas ruas pedindo para as pessoas serem minhas amigas. É verdade, lá em Encino. As pessoas olhavam pra mim e diziam " Michael Jackson!" Eu só queria conversar com alguém. Eu ficava lá sozinho em casa e minha mãe e meu pai ficavam no andar debaixo assistindo TV.
Eu ficava de pé em meu velho quarto e todos os meus irmãos e as coisas deles já haviam sido removidas por que eles haviam se casado e tal, e eu estava lá sozinho sem poder ir a lugar algum. Você se sente um prisioneiro, sente que vai morrer. E é isso.
Eu estou caminhando e apenas caminhando pela rua, o tráfego pára e pessoas começam a bater fotos. Eu sabia que aparentava estar triste e que algumas pessoas diriam " O que está fazendo?" eu responderia " Estou caminhando." E elas diriam "Por que está caminhando? Onde estão os guarda-costas?" Eu responderia " Não estou afim disso. Eu só quero caminhar e estou procurando alguém para conversar comigo!" Então elas conversavam comigo.
Eu fiz isso várias vezes. Eu pedia para as pessoas serem minhas amigas e elas diziam "Claro!". É verdade. Eu ia a parques. Então eu percebi que isso poderia ser perigoso também, mas estava triste demais.
SB: Elas ficavam intimidadas quando você pedia para serem amigas suas? Elas disseram " Não posso ser seu amigo... você é Michael Jackson?"

MJ: Eu até pedia o número de telefone delas. Então eu percebi que era muito difícil encontrar um amigo por que eles faziam amizade com o que viam. São amigos de verdade? Então ficava difícil.





Michael fala com Shmuley (parte 08)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.


Parte 08 - Sobre as brincadeiras



SB: Fale-me sobre histórias sobre brincadeiras. Fale-me sobre suas lutas de balões d'água.

MJ: Lutas de balões d'água?

SB: Sim, em Neverland.

MJ: Eu acho que a melhor maneira de quebrar o gelo com alguém que você não conhece é pela brincadeira. Você cria um elo rápido através da brincadeiras do que de outro jeito. Apertar a mão ou conversar não é tão fácil como brincar.

Eu acho que é o melhor e eu acho que quebrar o gelo com uma boa luta de balões de água ou correr por aí juntos, andar de bicicletas, olhar um para o outro, rir, sorrir, é o melhor jeito de realmente conhecer alguém no início. E eles percebem que é apenas divertido e simples e sua primeira associação com eles é através da diversão. Eu acho que isso é importante, você acha?

SB: Sim. Mas eu quero que você descreva. Você tem fort para batalhas de balão d'água em Neverland, e organiza dois times diferentes. Quando ficamos lá com você não tivemos uma guerra de balão d'água, se lembra? Por que estava chovendo.

MJ: Temos dois times, o time vermelho e o time azul e um desafia o outro. Há balões de água, há canhões que atiram para os dois lados e há estilingues onde você pode atirar os balões e eles tem esses botões de chuveiro. E se o time vermelho alcançar o time azul e apertar esse botão por três vezes...

O único jeito para o time vermelho virar o jogo é acertá-los. Quando digo 'chuveiro' é como borrifadores ou fontes, é como um chuveiro em todo o lugar e você ensopado de água. Se você acertar aquele balão três vezes, quem quer que faça isso por três vezes é o vencedor. E então o perdedor tem que atirar esse balão e cair na água com roupa e tudo. Eles ficam encharcados e então eles tem que ir para a piscina e mergulhar, com roupa e tudo. É uma verdadeira 'diversão fiasco'.

SB: Então quando tem convidados que chegam a Neverland você frequentemente quebra o gelo com guerras de balão d'água. Crianças e adultos?

MJ: Adultos também.

SB: E como eles respondem? Você às vezes vê pessoas sérias cedendo?

MJ: Oh eles adoram. Eles riem e nós gravamos e assim que todos estão secos e jantamos, nós mostramos as filmagens no nosso cinema na telona e todo mundo ri e grita, e eles percebem como foi divertido. É uma coisa maravilhosa.

SB: Você faz isso com grandes executivos da música?

MJ: Não... Sim... Com pessoas do cinema como Catherine Byrne e Stephen [Spielberg]...
Nós tivemos algumas das grandes.

SB: E crianças com câncer, pessoas assim?

MJ: Às vezes fazemos na grama. Eu gosto mais no Fort. Há pontes. Você corre por elas e
é divertido, muito divertido.

SB: Conte-me mais histórias assim. Vamos supôr que você está no meio de uma grande reunião da Sony ou numa grande reunião de filme com todos aqueles cascas-grossas da corporação americana. Você já foi capaz de quebrar o gelo numa negociação séria por ser mais como uma criança? Eles são muito rígidos, tudo se resume à números.

MJ: Você não entende. Uma coisa que você não sabe sobre mim é o quão palhaço eu sou. Toda vez que eu chego nessas reuniões e todo mundo está arrumadinho eu rio durante a coisa toda e eu não consigo parar e eu tenho que ficar me desculpando, e meus advogados olham para mim e dizem, "Desculpa, ele faz isso às vezes".

Então eles começam a rir, todos começam a rir e tudo vira diversão e ilumina o coração, porque eles aparentam ser muito sérios às vezes e eu gosto que seja um pouco mais leve. Eu não consigo evitar. Eu realmente não consigo evitar.

SB: Isso quebra o gelo quando você faz isso? As pessoas se sentem mais próximas? Isso faz as negociações difíceis ficarem mais fáceis? Eles sentem que criam um elo quando isso acontece?

MJ: Sim, eu acho que sim. Eu acho que há algo em comum entre nós que nos diz que somos todos os mesmos. As coisas podem ser mais pro lado do humor e podemos rir das mesmas coisas. Há essa coisa em comum na humanidade. De verdade, somos todos iguais. De verdade.

SB: Rir é o jeito mais rápido que podemos alcançar algo em comum?

MJ: Os ossos de todo mundo são da mesma cor, não são? Somos todos os mesmos, de verdade. Eu tenho visto muito isso.

SB: E as brincadeiras de mau gosto que você faz, e coisas assim? Você se lembra de Michael Steinhardt no zoológico? Ele era um dos melhores gerentes financeiros em Wall Street, mas ele ficou famoso por jogar um balde água sobre um cara que era sério demais em uma grande reunião. Ele era um legendário brincalhão de 'mau gosto'

''Steinhardt, que é um querido amigo, é um famoso filantropo judeu e co-fundador do Birthright Israel. Ele é um grande amante dos animais e tinha seu próprio zoológico."

MJ: Está brincando? É o meu favorito no mundo inteiro, PREGAR PEÇAS NAS PESSOAS. Eu adoro fazer isso, mas eu tenho medo que algumas pessoas fiquem zangadas embora às vezes eu não me importe. Mas eu faço isso o tempo todo. Eu carrego bombinhas de gás fedido e balões de água. Depois de todo vídeo, no último dia a sala toda fede à ovo podre e tudo vira a maior bagunça, todo mundo sabe o que eu faço e sabem disso quando está feito. E então eu saio fora. Eu adoro.

SB: Você pessoas bem sérias se tornando mais como crianças diante de seus olhos quando isso acontece?

MJ: Sim, e eles falam sobre isso e o quão divertido foi. É divertido.

SB: Você vai se lembrar disso, na sexta à noite na minha casa uma das convidadas tinha uns 40 e poucos anos e era uma magnata bem sucedida. Ela tinha mais de 100 empregados. Mas a que preço? Ela não é casada, não tem filhos. Ela disse que não teve tempo para namorar. Eu disse, "E que tal as noites de sexta?" "Bom, " ela disse, "Tenho vergonha de dizer que eu normalmente estou no escritório até às 11:00-12:00 p.m, mesmo nas sextas à noite." Então , ela desistiu de parte de sua vida pessoal para poder ter esse grande negócio. O quê você diz sobre alguém assim?

MJ: Eu tentaria mostrar à eles algumas das coisas maravilhosas que eles estão perdendo e não ser tão sério, não ser muito workaholic* ( *viciado em trabalho), embora eu seja um workaholic. Mas você tem que parar as vezes para se divertir. Há muito diversão para se ter, pois uma vez que... Nosso tempo é tão limitado no planeta e eu acho que a verdadeira família, as grandes lembranças e fazer coisas com crianças são um dos mais maravilhosos tesouros.

Eu tenho tido momentos incríveis. Quando eu estou triste eu começo a refletir sobre os bons tempos para me sentir melhor. Eu faço isso na cama à noite às vezes quando me entristeço. Eu trago alguns dos pensamentos mais maravilhosos para a minha cabeça, alguma experiência maravilhosa e eu sinto uma reação química tomando corpo do meu corpo onde eu me sinto realmente lá e eu adoro isso. Eu fico chateado se algum idiota, quero dizer pior do que um Pateta, um completo idiota escreve algo estúpido, tão falso e tão diferente do que acontece sobre o fato ou sobre algo. Eu fico tão zangado e eu tento não ficar zangado por que eu fico magoado comigo. Eu começo a pensar sobre mim, voando através do ar com o vento no meu rosto.

Eu faço isso na África. Eu subo alto e fico tão feliz lá em cima e estou voando. Eu acho que essa é uma das coisas mais maravilhosas que eu descobri e eu adoro. É liberdade. É alegria. É alegria quintessêncial, eu acho. É o ápice da diversão.

SB: Você sempre fecha os seus olhos e se vê em frente de centenas de fãs amorosos? Isso ajuda?

MJ: Eu amo a chama e a majestade de tudo isso, que você possa comandar uma platéia e a sensação de tudo isso. Eu amo muito isso tudo. Esse é outro grande sentimento. Mas não é o mesmo sentimento de vôo. Ou apenas olhar sobre um panorama de algum belo cenário pitoresco que é tão lindo que você realmente começa a chorar. Eu choro. Eu digo, "Obrigado." Você o céu mais lindo onde as nuvens são tingidos de laranja e roxo. Deus é tão lindo. Eu começo a rezar. Eu meio que faço uma figura mental por que eu quero me lembrar disso.

SB: Suas orações são sobre o que nesses momentos?

MJ: Deus, isso é tão lindo. Obrigado por fazer os céus e a terra um lugar tão lindo. Se outras pessoas não reconhecem e não apreciam isso, eu sim. Obrigado, muito obrigado. É isso o que eu faço. Eu tenho tido esses momentos quando eu disse para outras pessoas, " Olhe para esse céu lindo, " eles dizem "É, legal." eu digo, "Deve haver algo errado comigo. Por que eu vejo e eles não? Por que eu aprecio e eles não?

Eu fui a um museu em Paris e eu juro para você, meus guarda-costas são testemunhas do que aconteceu comigo, eles tiveram que me carregar. Eu me pus a chorar e a senhora que estava mostrando o lugar para nós disse, "O quê há de errado com ele?" e eles responderam, " Ele ficou tocado com tudo o que ele viu."






Michael fala com Shmuley (parte 09)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 09 - O pai de Prince e Paris



MJ: Prince o que faz o papai rir?

Prince: Os Três Patetas.

MJ: Ele está certo. Eu os adoro. O gordo... Eu grito de rir. Eu levo os Três Patetas comigo para onde quer que eu vá. Me deixa feliz. Eu tenho assistido minha vida inteira.

SB: O quê que tem eles? É o fato deles gostarem de se machucar sem ficarem machucados e tudo ficar engraçado?

MJ: Sim, Curly é demais. Lembra de Curly - o gordo, certo Prince? (Prince começa a pular imitando Curly) Sim, ele adora também. Eu os adoro.

SB: É isso o que te faz rir alto?

MJ: Sim , eu grito. Eu grito. Eu levo Os Três Patetas comigo onde quer que eu vá. Me deixa feliz. Eu adoro. Eu tenho assistido a vida toda.

Prince: Papai. Eu quero ver Peter Pan.

MJ: Eu também.

Prince: Eu quero ir pescar.

MJ: Eu te levo para pescar contanto que devolvamos o peixe para a água depois de pegar.

SB: Você sente que, talvez, baseado em tudo o que você tem feito pelas crianças, que Deus mostrou gentileza extra por te dar duas crianças incríveis que são tão apegadas à você... Que entre a malícia e a má fé das pessoas, Deus te deu esses dois incríveis presentes na sua vida?

MJ: Esse seria um pensamento legal. Eu acho que eles são um presente. Eu acho que
todas as crianças são um presente.

SB: Você ama mais as crianças depois de ter Prince e Paris?

MJ: Eu as amo tanto quanto e mais. É difícil para mim dizer "meus filhos" por que eu não os vejo como território. Talvez eu tenha ficado assim por causa de minha ex-esposa Lisa por que ela costumava se importar só com os dela e não com os dos outros.

Eu sei que faria uma grande diferença no futuro deles se fizéssemos o que dizemos, que vamos fazer com nossa iniciativa de priorizar nossos filhos. É essa a hora, a chance de dizer "Você é especial para mim. Esse é o seu dia. Não é Natal. Não é o dia em que celebramos pelo nascimento de Cristo. Isso é sobre você e eu. Eu estou te dando o meu amor." Isso faria uma enorme diferença.

Se eu tivesse esse dia com meu pai e minha mãe, isso teria feito toda a diferença. E eu amo os meus pais. Minha mãe é como uma santa. Ela é... ela não é dessa terra. Ela é inacreditavelmente maravilhosa. Eu não tenho uma coisa ruim para dizer sobre ela. Seria legal, não seria?

SB: Então a primeira coisa que você quer que Prince e Paris saibam, antes que eles aprendam o ABC, antes que eles aprendam a se vestir, você quer que eles saiba, que o papai deles os ama.
MJ: Sim, sim. Fazê-los dar as mãos e olhá-los nos olhos e dizer para eles "eu te amo". Isso seria lembrado para sempre. Eu faço com Prince e Paris todos os dias.
SB: Isso é o que nunca será tirado deles. É o começo de todo o conhecimento - saber que é amado.

MJ: Amado, verdadeiramente amado... Tocar a mão deles, por que crianças entendem muito através do toque, e elas precisam ser abraçadas, e as pessoas sabem disso, mas não conhecem o poder.





Michael fala com Shmuley (parte 10)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 10 - Michael fala sobre crianças especiais



SB: Não havia um garoto o qual você foi muito próximo e que adquiriu AIDS numa transfusão de sangue?
MJ: Ryan White. O mais difícil para mim foi... Eu vou responder, mas não entendo por que uma criança morre. Não entendo mesmo. Eu acho que deveria haver uma janela onde houvesse a chance de morrer , mas não essa janelo do tempo. 

Quando uma criança morre, ou está doente, eu realmente não entendo. Mas eu ouço Ryan White, de 12 anos, à minha mesa de jantar em Neverland dizendo para a mãe como enterrá-lo. Ele disse " Mãe quando eu morrer não me ponha terno e gravata, eu não quero estar de terno e gravata. Me ponha num jeans  OshKosh  e uma camisa." Eu disse " Eu preciso ir ao banheiro," e eu corri para o banheiro e chorei horrores.

Ouvir esse garotinho dizer para a mãe como enterrá-lo. Isso me machucou. Era como se ele estivesse preparado para isso e quando ele morreu ele estava usando jeans OshKosn, uma camisa e um relógio que eu dei para ele. Eu estava sentado sozinho nessa sala e ele estava jazendo lá e eu me senti tão mal.

Eu só queria abraçá-lo e beijá-lo, dizer que o amava, e eu fiz tudo isso quando ele estava vivo. Eu cuidei dele e ele ficou na minha casa. Mas vê-lo deitado lá... Eu falei com ele, "Ryan eu prometo que farei alguma coisa em sua honra em meu próximo album. Eu vou criar uma canção para você. Eu vou cantá-la. Eu quero que o mundo saiba quem você é. " Eu fiz 'Gone Too Soon'. Essa foi para ele.

SB: Você acha que ele te ouviu quando você falou isso? Você se sente em contato com a alma de pessoas que você amou e perdeu? Você ainda se sente perto deles?

MJ: Sim. Sim. Sim.

SB: Então você teve que lidar com a morte dele e de outras pessoas as quais você era próximo?

MJ: Isso me machuca muito. Outro garoto chegou até mim e ele era branco como a neve, literalmente, branco como a neve ou como um pedaço de papel. Ele estava morrendo de câncer e ele me amava, ele veio até o meu quarto e viu as jaquetas que eu usava e os vídeos, ele as vestiu e estava no paraíso. Me disseram que ele não não iria viver. E qualquer dia ele apenas iria, eu disse, "Olha, eu vou visitar sua cidade."

Eu acho que ele estava "em Kansas City." "Eu vou abrir minha turnê em Kansas City em três meses. Eu quero que você venha ao show. Eu vou te dar essa jaqueta." Ele disse, "Você vai dá-la para mim?" Eu disse, "Sim, mas eu quero que você a vista para o show." Eu estava tentando fazê-lo aguentar. Eu disse, "Quando você vier ao show eu quero te ver com essa jaqueta e com essa luva."

E eu dei à ele uma das minhas luvas de lantejoulas. Ele estava no paraíso. Quando eu cheguei à cidade ele estava morto e o enterraram com a jaqueta e com a luva. Ele tinha 10 anos. Deus sabe, eu sei que ele tentou o máximo para aguentar.
SB: Você fica bravo com Deus quando coisas assim acontecem?
MJ: Não. Eu só não entendo. Eu gostaria que pudéssemos saber mais sobre o outro lado. Eu sei da promessa de vida eterna e de estar no paraíso. Mas por que sofrer, por que sentir antes de atravessar para a luz branca, ou que quer que seja? Deveria ser a experiência mais linda, seja o que for. Essa história sobre o garoto foi verdade. Eu gostaria que você pudesse ver o rosto dele, Shmuley, gostaria mesmo.
SB: E essa foi uma história de promessa, certo? Você disse à ele, "Se permanecer vivo..." Certo?

MJ: Sim, eu estava tentando fazê-lo aguentar. Disseram que ele iria morrer e eu disse, "Eu sei que eu posso fazer alguma coisa sobre isso." Sabe, eu estava tentando fazê-lo olhar para frente, a aguentar e eu disse, "Vista isso para o show." e ele estava tão feliz. Quando eu cheguei à cidade ele estava morto. Me matou. Me matou.
SB: Como você se sente, descreva o sentimento para mim por apenas um minuto. Como você se sente quando está perto de [uma menininha doente de câncer que Michael e eu conhecíamos]?
MJ: Eu a amo.
SB: Você sabe que poderia fazer a diferença com eles e você sabe disso apenas por estar de você que parte da doença deles quase vai embora. Você sabe que os rabinos anciãos disseram que toda vez que se visita alguém doente se tira uma pequena porcentagem da doença deles, mas com você, é quase como se você tirasse 50% da doença deles, sabe? Eu sei que você sabe disso.
MJ: Sim, sim. Eu adoro fazer as pessoas... Eu não gosto de ver pessoas machucadas ou sofrendo, especialmente crianças.
SB: Você sente que tem um poder de cura que foi dado à você? Ou é por causa da celebridade? Em outras palavras, ser uma grande celebridade, quando você dá atenção à uma criança, elas se sentem realmente bem. Elas sabem o quão famoso você é, elas se sentem "Uau, alguém tão famoso assim se importa comigo, eu devo ser especial." Mas isso é além da celebridade? É algo em você que você tinha antes da celebridade?
MJ: Eu acho que é uma coisa que eu deva fazer por que eu sempre tive esse anseio de dar e ajudar e fazer pessoas se sentirem melhor.
SB: Você tinha isso antes em você quando você era o garoto Michael Jackson?

MJ: Sim.



Michael fala com Shmuley (parte 11)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 11 - Michael fala sobre Gavin e outras crianças





SB: Eu disse para alguém hoje que a atenção que você dá para as crianças com câncer parece bem curativa para eles. Eu tenho visto. Quando você dá esse tipo de atenção à criança você sabe que a está curando?

MJ: Eu as amo. Eu as amo.
SB: É também pelo fato de você ser muito famoso e de repente você canaliza toda aquela energia que você normalmente dá e a direciona para outra pessoa, e é como um facho de luz. Eu não nego que a celebridade possa ter um efeito restaurador, mas frequentemente tem um efeito corrosivo. Você tenta usar a sua celebridade para ajudar essas crianças?
MJ: Eu as amo demais. São todos filhos meus também. Eu me lembro quando estávamos na Austrália e estávamos numa ala de crianças com câncer e comecei a distribuir brinquedos.
E eu nunca vou me esquecer de um garotinho que tinha uns 11 anos, e quando eu cheguei perto da cama dele ele disse: " É incrível que só em ver você eu me sinta melhor. Me sinto mesmo." Eu disse, "Bom, isso é lindo." Foi o que ele disse e eu nunca vou me esquecer. É incrível e é isso o que deveríamos fazer.
SB: Sua devoção à Gavin [ que mais tarde acusaria Michael] é impressionante. Eu tenho falado sobre isso em mil fóruns agora. É uma das coisas mais bacanas que eu já vi. Que você tente ajudá-lo e a família dele.
MJ: Ele é especial. Eu falei com Gavin noite passada e ele disse: 'Michael você não sabe como dói. Isso dói.' Ele começou a chorar ao telefone e disse: 'Eu sei que você entende como é. Dói tanto.' Eu disse: 'Bom, quanto mais (sessões) você tem?' Ele disse: 'Talvez quatro. Mas os médicos disseram que teria mais depois disso.' Isso tirou os cílios dele, as sobrancelhas e os cabelos. Temos tanta sorte, não temos?
SB: Você acha que quando fala com pessoas como Gavin, parte da dor cessa neles?
MJ: Absolutamente. Por que toda vez que eu falo com ele, ele está melhor disposto. Quando eu falei com ele noite passada ele me disse, "Eu preciso de você. Quando você vem para casa?" Eu disse: "Não sei". Ele disse: "Eu preciso de você, Michael".
Então ele me chamou de pai. Eu disse: "É melhor você perguntar seu pai se está tudo bem me chamar assim." Ele gritou: "Pai, está tudo bem se eu chamar Michael de pai?" e ele respondeu: "Sim, não tem problema, tudo o que você quiser". Crianças sempre fazem isso. Eu fico feliz quando elas se sentem confortáveis assim.
SB: Você se sente como um pai universal para as crianças, que você tem a habilidade de amá-las e apreciá-las de uma forma que outros não fazem?
MJ: Eu sempre sinto isso, eu não quero que os pais sintam ciúmes por que isso sempre acontece. Não tanto com as mães. Eu sempre digo aos pais, "Eu não estou tentando tomar o seu lugar. Eu só estou tentando ajudar e quero ser seu amigo." As crianças acabam se apaixonando pela minha personalidade. Às vezes isso me causa problemas, mas eu só estou lá para ajudar.
SB: Eu te perguntei o que os pais podem aprender com os filhos, e você identifica algumas coisas - amor de diversão, inocência, alegria. Que outras coisas podemos aprender com as crianças? Por exemplo, quando você está perto de Gavin, o que você aprende com ele? Você só está lá para ajudar uma criança que tem câncer? O que você aprende dessa experiência? É apenas uma demonstração de pena, compaixão por uma criança em apuros? Ou você sente que essa é uma razão para você estar vivo?
MJ: Eu sinto que é algo em meu coração que eu realmente, realmente devo fazer, e eu me sinto tão amado por dar o meu amor, e eu sei que é isso o que eles precisam. Eu tenho ouvido médicos, e os médicos dele dizem que é um milagre que ele esteja melhorando e é por isso que eu sei que a magia do amor é tão importante.
Ele perdeu parte da infância e eu acho que posso refletir muito nisso por causa do meu passado. Quando você tem dez anos você não pensa no Céu ou em como vai morrer e ele estava pensando em tudo isso.
Eu tive a visita do pequeno Ryan White na minha sala de jantar falando para a mãe dele à mesa: " Mãe, quando você me enterrar eu não quero estar de terno e gravata. Não me ponha terno e gravata. Eu quero estar de jeans e camisa". Eu disse: "Com licença, eu preciso ir ao banheiro". Eu corri para o banheiro e chorei. Imagine um garoto de 12 anos dizendo para a mãe como enterrá-lo. Foi isso que eu o ouvi dizer. Como pode o seu coração não amolecer por uma pessoa assim?
SB: Visto que você foi privado dessa infância e agora você está tentando conferí-la como um presente para essas crianças, você se cura através disso?
MJ: Sim, sim, eu me curo. Por que isso é tudo. Eu preciso disso para continuar vivendo. Você viu o que Gavin escreveu no livro de convidados sobre o chapéu dele? É uma estória linda.
SB: Eu contei essa estória para o mundo todo.
MJ: Eu gosto de dar à eles esse amor e esse orgulho para sentir que eles pertencem e que são especiais. Ele estava se escondendo e estava envergonhado por estar careca e ele tinha câncer. Todos fizeram ele se sentir excluído e foi assim que ele chegou aqui e eu queria que ele se livrasse disso. Ele é uma criança linda, ele não precisa daquele chapéu. Eu disse para ele, "Você parece um anjo. Sua voz parece com a de um anjo. Até onde eu sei você é um anjo. Do que você tem vergonha?"
SB: Você acha que as crianças apreciam mais você do que os adultos?
MJ: Oh sim, claro. Adultos me apreciam artisticamente como um cantor e compositor, como dançarino e performer. Como ele é? Quem é ele? 'Ele é esquisito e dorme numa câmara hiperbárica' e todas aquelas estórias loucas e horríveis que as pessoas inventam que não tem nada a ver comigo.
SB: AS crianças veem através disso e retribuem seu amor. Eu vi isso com Gavin.

MJ: Elas só querem se divertir, dar e receber amor, elas só querem ser amadas e receber ajuda.
SB: Você luta contra esse senso de cuidado? Houve um tempo em que você disse a si mesmo: "Eu não me importo com ninguém. Eu vou me entregar a uma massagem agora e relaxar numa Jacuzzi. Acabou o concerto e só vou pensar em mim." ou mesmo assim você continua pensando no que poderia fazer pelas crianças?
MJ: De verdade no meu coração, eu as amo e eu me importo mais do que tudo. Eu ainda estou cuidando de Gavin. Ele teve quimioterapia ontem, está fraco e não está se sentindo bem e isso toca o seu coração. Seu coração sai para o mundo. Eu acho que sou como a minha mãe. Eu não se é genético ou do ambiente.
Eu me lembro de quando éramos pequenos, ela assistia os noticiários e até hoje ela tem que assisti-los com lenços. Eu sou igual, eu começo a chorar quando assisto notícias sobre a mulher que jogou os filhos no lago, um se afogou e o outro sobreviveu. Eu convidei as crianças para virem aqui e eu fui ao funeral, paguei pelo funeral e eu nem conhecia essas pessoas, mas você ouve essas coisas. É como se perguntar ' por que não há mais pessoas como Madre Teresa? Por que não há mais pessoas como Lady Diana?'

SB: Elas são famosas por serem boas, mas você é famoso e é bom, há uma diferença muito grande. Mesmo Diana, Diana era uma boa mulher. Eu não a conheci. Você a conheceu. Ela tinha muitas qualidades santas e fez muita bondade. Ainda assim, ela gostava da vida de brilho falso. Mas você ama crianças. Por quê?
MJ: Eu não estou tentando ser filosófico, mas eu realmente penso que é meu trabalho ajudá-las. Eu acho que é minha vocação. Eu não me importo quando as pessoas riem ou com o que dizem. Crianças não tem voz na sociedade e eu que é hora delas agora.

De agora em diante é a vez delas. Elas precisam da consciência mundial e de assuntos para lidar, e isso é para elas. E se eu puder ser essa luz, esse pedestal apenas para brilhar alguma luz sobre quem elas são, é isso o que eu quero fazer. Eu não sei como Deus escolhe as pessoas, ou se joga xadrez com as pessoas, e coloca você em uma posição e te ajusta ali.
Às vezes eu me sinto assim, como se esse fosse o meu lugar. Eu penso desde Gandhi à Martin Luther King, à Kennedy, à eu mesmo, à você. Você acha que esses homens se fizeram, de nascimento, você pensa que Deus disse, "Aha!" com um sorriso... Você acha que isso apenas acontece através dos pais, ou eles deveriam fazer isso? Eu estou te fazendo uma pergunta.
SB: Eu acho que é a confluência de ambas as coisas. Grandes homens e mulheres nascem com o potencial para a grandeza. Mas isso normalmente tem que ser espremido para fora deles através de um evento externo. Há grandeza nas pessoas, mas eventos externos as ajudam a desenvolvê-los.
A grandeza é a sintese do potencial inato do homem ou da mulher combinado com a habilidade deles de se levantar para o grande desafio. E quando você não tem uma resposta para a questão do porquê Deus te deu um sucesso fenomenal, você começa a murchar debaixo do fardo da fama. Você precisa ter algo como que um espelho que desvie toda essa atenção, toda essa luz que está brilhando sobre você para uma causa maior ou você será chamuscado pela intensidade dela.
Uma garotinha que eu conheci ontem à noite tem 14 anos e é órfã. A mãe dela morreu quando ela tinha sete anos e ela nunca conheceu o pai. Ela veio ontem assistir o Rei Leãopor que ela é amiga de [ nome mantido em sigilo] e o grande desejo dela era conhecer você. Então eu disse à ela que a traria por alguns minutos essa semana para ela te conhecer.
MJ: Oh, quem está tomando conta dela?
SB: Ela mora com a avó e ela tem um padrinho que a trouxe ontem à noite. O padrinho dela tenta levá-la para sair e ela brinca  ocasionalmente.
MJ: As crianças se divertiram durante o show?

SB: Oh sim, elas adoraram. É lindo. A escola dessa menina órfã é alguns quarteirões distante do seu hotel. Talvez eu a traga e a deixe tirar uma fotografia com você.





Michael fala com Shmuley (parte 12)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 12 - Sobre esposa e filhos


SB: Deixe-me perguntar sobre solidão. Então, para onde quer que você viaje, você, graças à Deus, tem uma equipe. Pessoas com quais esteve por muito tempo, Frank and Skip.. Mas não é como ter uma esposa em sua vida ou algo assim. Você se sente solidão? Ou há muita coisa acontecendo em sua vida que não deixa que isso aconteça?

MJ: Tipo solidão por não ter esposa? Por um par? Algo assim?

SB: Sim.

MJ: Eu passei por divórcios difíceis e eu acabei de sair do segundo. Mesmo casado com essas mulheres com as quais eu casei, eu ia para a cama magoado. Eu estava magoado. Ontem a noite eu fui dormir chorando e não dormi bem.

E eu chorei Shmuley, por que eu sinto isso... E eu não estou tentando, eu estou dizendo a mais honesta verdade e se você não acredita pode perguntar ao Frank. Frank sabia o quanto eu estava magoado. Eu estava sentindo toda a dor de todas as crianças que sofrem e estava magoado demais. Por isso que eu estava tentando chegar em toda criança que eu conhecia que estava sofrendo, desde [Michael menciona uma garotinha que estava batalhando contra um câncer e cuja família ele conheceu na casa dele] o Gavin [o menino que acusou Michael].

Eu estava tentando tipo, chamar, telefonar e quando eu acordava a primeira que eu fazia era telefonar para a casa [do garota com cancêr] e naquele dia ela tinha morrido. Isso me machucou. Mas eu acho que é de onde o meu verdadeiro amor vem, Shmuley. Se eu puder ajudar dessa forma, eu fico bem e não preciso de outro amor romântico.

Sabe, se eu conheço uma garota em algum lugar e a acho bonita, o que eu acho em muitas delas, é ótimo. Quero dizer, eu vou à um encontro ou algo assim. Nada de errado com isso. Jennifer Lopez outro dia estava incrivelmente linda, estava mesmo. Eu fiquei chocado por que eu nunca pensei que... Ela estava linda [Michael ri enquanto diz isso].

SB: Mas você desistiu de tentar que as mulheres te compreendam? Você tende a pensar que crianças vão te entender melhor?

MJ: Eu não sou fácil de conviver dessa forma para uma esposa. Eu não sou fácil e eu sei que não sou fácil. Por que eu dou todo o meu tempo para outra pessoa. Eu dou para as crianças, para alguém que está doente em algum lugar, para a música. E as mulheres querem ser o centro.

E eu me lembro que Lisa Marie dizia "Eu não sou uma mobília. Eu não sou mobília. Você não pode..." Eu respondia:  "Eu não quero que você seja mobília," e , sabe, havia uma garotinha doente ao telefone e ele ficou zangada e bateu o telefone na cara dela. E, sabe, eu sinto que essa é minha missão, Shmuley. Eu tenho que fazer.
SB: E se você encontrasse uma mulher que fosse branda, que fosse incrivelmente branda?
MJ: Como uma Madre Teresa ou uma Lady Diana ou... Isso seria ótimo. Seria perfeito.

SB: Seria melhor do que ter de fazer o que faz sozinho?
MJ: Absolutamente, e Lisa era ótima em ir em hospitais comigo, e ela era um doce nisso. Eles amarravam os bebês na cama ou acorrentavam crianças. Nós as libertávamos... Íamos libertando todos aqueles bebês. Eu odiava isso [crianças acorrentadas] e ela, ela descobriu muita dessa injustiça comigo. Países como a Romênia e Praga,
Tchecolosváquia e todos esses, Rússia.

Você tinha que ver o que eles fazem com as crianças nesses... Você ficaria chocado. Elas as acorrentavam ás paredes como animais, nuas e dormiam ali perto das próprias fezes. É muito triste, me deixava enjoado. Então comprávamos roupas e brinquedos e era só amor e amor. Eu as amava e voltava todo dia para vistá-las, e as abraçava querendo levar cada uma delas para Neverland.
SB: Quando você começou a se tornar uma estrela mirim, você percebia que sua infância estava escapando devagar? Você venceu um campeonato quando tinha 8 anos. Em 1964, você foi escolhido cantor líder da banda. Isso fez você ficar agitado ou você ficou preocupado? Você pensou consigo mesmo "Onde tudo isso vai dar? "
MJ: Eu não pensava nisso. Eu não pensava no futuro. Eu apenas vivia um dia de cada vez. Eu sabia que queria ser uma estrela. Eu queria fazer coisas e fazer as pessoas felizes.

SB: Você sabia o que iria te custar em termos de infância?
MJ: De jeito nenhum. De jeito nenhum.

MJ ao telefone: Diga aos caras para deixarem a música falar com eles e não, tipo, fazer tudo de vez. Ouça-a algumas vezes e deixe a melodia se criar. É assim, deixe a música falar com eles. Certo? Tchau!

SB: É esse o seu sonho que um dia, como parte de um futuro messiânico, com o tanto que você se importou. que todas essas crianças virão e viverão em Neverland e serão felizes para sempre?

MJ: Sim.

SB: E se você tivesse os recursos você faria...

MJ: Eu faria, Shumley. Eu faria. Eu adoraria.

SB: Lisa Marie era boa em pelo menos visitar. Então ela não tinha problemas em ir e fazer algumas dessas coisas de compaixão e dar a essas crianças amor e fazê-las se sentirem especial?

MJ: Ela não tinha problema algum em fazer isso, mas eu e ela tivemos muitas e grandes discussões, pois ela era muito territorial com os filhos dela. Os filhos dela eram o mais importante... E eu disse:  "Não, todas as crianças são nossos filhos," e ela nunca gostou disso em mim. Ela fica brava com isso. E mais, ela brigou comigo uma vez quando dois garotos em Londres mataram um menino e eu iria visitá-los, pois a rainha tinha dado à eles uma sentença perpétua de adulto.

Eles tinham entre 11 e 10 anos e eu iria à prisão visitá-los. Ela me disse:  "Seu idiota. Está recompensando-os pelo que fizeram." Eu respondi:  " Como ousa dizer isso? Eu aposto que se você traçar a vida deles vai ver que não tiveram os pais por perto, que não tiveram amor algum, ninguém para abraçá-los, para olhar nos e dizer 'eu te amo'. 

Eles merecem isso, mesmo pegando pena perpétua, eu apenas quero dizer 'eu te amo' e abraçá-los." Ela disse, "Bom, você está errado." Eu disse: "Não, você está errada." Então surgiu a informação que eles vieram de famílias desfeitas, que nunca foram cuidados quando crianças. O que os acalmava eram filmes do Chucky com todas aquelas facadas e matanças. E foi assim que eles ficaram condicionados.
SB: Ela admitiu depois que tinha uma razão?
MJ: Não, ela pensa que eu estou recompensando crianças ruins.
SB: Ela queria que você fosse um pai para os filhos dela?
MJ: Bom, isso foi perguntado à ela uma vez. Foi perguntando na TV e ela disse: "Não, eles têm pai. O pai deles é Keogh" o outro cara. Mas eu era muito bom com os filhos dela. Todos os dias eu trazia alguma coisa para eles e eles ficavam me esperando na janela e me abraçavam. Eu os amo e sinto tanta falta deles.
SB: Ela morava em Neverland ou era muito isolado?
MJ: Lisa não morou em Neverland. Nós visitávamos Neverland como... Morávamos na casa dela na cidade e de vez em quando visitávamos Neverland. Era como um grande final de semana divertido.
SB: E os filhos dela gostavam?
MJ: Está brincando? Eles pareciam estar no Céu!
SB: E você ficava feliz em mostrar o lugar para eles?
MJ: Uhum.
SB: Significava mais para você em de repente ter uma família para mostrar o que tinha?

MJ: Sim, sim. É um lugar feito para a família, para reunir, reunir as pessoas através do amor, de um espírito de brincadeira e da natureza. Faz as famílias se aproximarem, Neverland. É curativa.
SB: Visto que você idolatra a família, foi difícil para você quando teve que se divorciar?

MJ: De quem?
SB: De Lisa.
MJ: Se foi difícil para mim?
SB: Você viu a revelação ( the writing on the wall)? Que você era diferente? Quero dizer, meu pais se divorciaram quando eu tinha 8 anos, Então eu romantizei muito o casamento.

MJ: Mesmo?
SB: Oh de forma fenomenal. É a base de todos os meus livros, casamento. Pois eu não consiga lidar com...
MJ: Então você acredita mesmo em casamento e em tudo isso? Você ama o casamento?
SB: É no que mais acredito no mundo. Eu acredito na família, eu acredito mesmo.

MJ: Eu acredito também, Shmuley.
SB: Foi o que eu não tive. Eu até escrevi sobre você em um dos meus livros no contexto de casamento, embora fosse antes de eu pensar em te conhecer. Esse era o ponto principal, era o começo do livro. Capítulo 1, o primeiro capítulo. Como começava? " No coração de nossas vidas há um forte e potente mistério. Michael Jackson sai do avião e trinta mil fãs esperam sua chegada. Ele se sente muito especial. Eles excitadamente gritam seu nome. Faltaram ao trabalho para cumprimentá-lo e trazer alegria à sua chegada.

Mas então do mesmo avião sai Mr. Jones. Não havia trinta mil pessoas esperando pelo desembarque dele. Na verdade, havia apenas uma mulher, a senhora Jones, quem estava esperando. Mas enquanto todos passavam, mesmo quando Michael Jackson passou, ela ignorou todos eles. Para ela o Sr. Jones era o mais importante, o mais emocionante do que a maior estrela do mundo.

Eu usei você como exemplo de como o casamento transforma uma pessoa em celebridade. Em outras palavras para minha esposa, eu sou uma celebridade. Ela espera por mim em casa, ela tem uma foto minha na parede, sabe? Você se sente especial para uma pessoa. E na vida tudo o que precisa é um fã de verdade.

MJ: É verdade.

SB: E o segredo para a vida é que você não precisa de trinta mil, cem mil. Você tem isso, Michael. Mas você pode contar em uma mão pessoas que tem mesmo no mundo. Mas a idéia no casamento é que você tenha um fã. Um grande fã que te ponha em primeiro. E isso é o que se precisa. Um fã sincero e amável que te ama por quem você é, do que dezenas de milhares de pessoas que te amam pelo o que você faz. Esse foi o primeiro pensamento no mais importante livro que eu escrevi, Kosher Sex.

MJ: Isso é bonito, Shmuley. Obrigado.

SB: Eu nunca pensei que iria te conhecer antes disso, mas eu tenho falado sobre isso. Seu nome surgiu em cada palestra pelo mundo na pauta. Em outras palavras, meu ponto central era o casamento, é onde uma pessoa se sente uma super estrela como Michael Jackson.

MJ: Isso é bonito.

SB: Mas eu acredito muito em casamento. Então quando o seu relacionamento com Lisa começou a ruir foi muito difícil? Seu idealismo sobre a família, e tudo o que você acreditava em construir uma intimidade em família que sempre quis, especialmente porque você sabia...

MJ: Eu queria filhos e ela não.

SB: Ela já tinha os dela.

MJ: Sim, e ela me prometeu isso antes de casarmos, que a primeira coisa que faríamos era ter filhos. Então eu fiquei com o coração partido e andava na época carregando bonecas e chorava, pelo tanto que eu os queria. Mas eu estava determinado em ter mais filhos.

Me desapontou que ela não tenha cumprido a promessa que fizera para mim, sabe? Depois que nos divorciamos ela saía com a minha mãe o tempo inteiro. Eu tenho todas as cartas que dizem "Eu vou te dar nove filhos. Faço qualquer coisa que você quiser!" e é claro que a imprensa não sabe dessa história, e ela tentou por meses e meses, mas meu coração foi se endurecendo. Eu fechei a minha mente para toda essa situação.

SB: Então ela pensou que talvez vocês pudessem voltar?
MJ: Ahuh.
SB: Mas filhos era o maior problema?
MJ: Claro!
SB: Ela tinha os dela e pronto.
MJ: Ela tinha os dela e eu queria que todos nós sentíssemos que éramos uma grande família e ter mais. Só isso. Meu sonho é ter nove ou dez filhos, é o que eu quero.

SB: Você ainda é muito jovem. Você acha que isso irá acontecer?
MJ: Sim.
SB: Mas isso significa casar de novo.
MJ: Sim.
SB: Está feliz em fazer isso?
MJ: Uh huh... Ou adotar.
SB: É possível Michael, que você esteja atraindo o tipo errado de garota por ser uma celebridade?

MJ: É difícil. É por isso que é difícil, é difícil para mim. É difícil. Não é fácil para celebridades estarem casadas.
SB: Você acha que só poderia mesmo se casar com celebridades por que não precisariam tanto de você?
MJ: Isso ajuda, na minha opinião. E elas entendem o que você passa. Passaram o mesmo.
SB: Elas te ajudam pelos motivos certos, então?

MJ: Sim. elas não estão atrás do dinheiro que você ganhou ou, sabe? [cantando "That´s what you are...] "É isso o que você é... "[ ele ganhou um Grammy por isso.]

SB: Certo, certo.




Michael fala com Shmuley (parte 13)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach  foram gravadas entre agosto de 2000 e Abril de 2001. 
Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, 
devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 
'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 13 - Sobre Madona e relacionamentos que não deram certo








Michael fala com Shmuley (parte 44)


Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach foram gravadas entre agosto de 2000 e abril de 2001. Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.
Parte 44 - Sobre Infância, Solidão e desenhos animados.
SB: Houve alguma idade específica onde você percebeu: "Oh, nossa, perdi minha infância?¨
MJ: Sim, eu me lembro distintamente...É como estar numa viagem onde não se pode sair e pensar: "Oh meu Deus, O que eu fiz?" E você está comprometido e não pode sair. Isso me aconteceu antes da adolescência. Eu queria tanto brincar no parque do outro lado da rua, onde outros garotos jogavam baseball e futebol, mas eu tinha que trabalhar.

Eu podia ver o parque depois da rua. Mas eu tinha que ir para o outro prédio para trabalhar nos álbuns, até tarde da noite. Eu me sentava lá e ficava olhando as crianças, com lágrimas rolando pelo rosto e eu dizia: "Eu estou preso e eu tenho que fazer isso pelo resto da minha vida. Eu tenho um contrato." Mas queria muito ir lá e isso estava acabando comigo, só para fazer um amizade, para dizer um 'oi'. Eu costumava andar pelas ruas procurando alguém para conversar. Eu te disse isso.
SB: Quantos anos você tinha?
MJ: Foi durante a época de Thriller.
SB: Então você era a maior estrela do mundo e...
MJ: Eu estava procurando alguém para conversar. Eu era tão solitário que chorava no quarto. Eu pensava: "É isso. Eu vou sair daqui!" E eu saia pelas ruas. Eu me lembro de perguntar para pessoas: "Quer ser meu amigo?"
SB: Eles provavelmente ficavam em choque.
MJ: Eles ficavam assim: "Michael Jackson!" E eu pensava: "Oh Deus! Eles vão ser meus amigos só porque eu sou Michael Jackson? Ou por apenas por mim?" Eu só queria alguém com quem conversar.
SB: E você encontrou?
MJ: Sim, bom, eu fui ao parque e havia garotos se divertindo.
SB: Foi aí que você decidiu que crianças eram a resposta. Eram as únicas que te tratavam como pessoa?
MJ: Sim, é verdade.
SB: Então foi nessa idade que você percebeu: "Oh nossa! Eu perdi minha infância, porque essas são as únicas pessoas com quem eu posso me identificar!"
MJ: Eu sofri muito nesse processo. Eu sabia que havia algo errado comigo, nessa época. Mas eu precisava de alguém... Provavelmente é por isso que tenho manequins. Eu diria que eu sentia que precisava de pessoas, e eu não tinha... Eu era tímido demais para estar com pessoas reais. Eu não conversava com elas. Eu era meio que como velhinhas conversando com plantas. Mas eu pensava que eu queria algo que me fizesse sentir que eu tinha companhia. Eu sempre pensava: "Porque eu tenho isso?" Eles eram como bebês, crianças, e pessoas, e me faziam sentir que havia pessoas comigo.
SB: Por que você era tão tímido para conversar com pessoas reais? Era por que você só havia aprendido a performer e não tinha tido a oportunidade de sair?
MJ: É isso. Não havia 'saídas'.
SB: Você ainda se sente solitário?
MJ: Não do jeito que era. Não.
SB: Logicamente que você, tendo filhos, isso fez uma grande diferença. Mas há uma parte de nós que não é apenas ser pai. Há uma parte de nós que precisa de outras formas de interação.
MJ: Que tipo de interação?
SB: Alguém em que você possa buscar alívio emocionalmente, de uma forma que Prince e Paris não poderiam entender.
MJ: Mmmmm. Amigos e certamente pessoas em que se possa confiar. Elizabeth [Taylor], ou quem quer que seja... Mac [Macaulay Culkin], Shirley Temple [Black], pessoas que estiveram lá.
SB: Então, são sempre pessoas que passaram pelo o que você passou, todas essas estrelas mirins?
MJ: Eles dizem: "Sim, eu sei o que você quer dizer" mas não sabem. Só estão tentando concordar com você.
SB: Você sempre discute com amigos que foram estrelas mirins coisas individuais que aconteceram com eles? Ou você nem precisa dizer: "Você meio que entende?"
MJ: Sabe, é como telepatia. Eu gostaria que você pudesse ter visto Shirley Temple e eu.
(Apenas algumas semanas antes dessa conversa Michael tinha ido visitar Shirley Temple Black em São Francisco.)
SB: Você ainda tem contato com ela?
MJ: Vou ligar para ela. Eu tenho que ligar para ela de novo. Eu sempre a agradeço e ela continua me perguntando porquê e eu respondo: " Por causa de tudo o que você fez por mim!"
SB: Acha que irá dedicar uma canção para ela?
MJ: Eu adoraria.
SB: Então Macaulay Culkin não precisa te dizer: " Eu estava no set e isso aconteceu com o meu pai." Vocês nem precisam ter uma conversa assim?
MJ: Oh sim. Há um pequena alma preciosa que é um bebê, Macaulay Culkin, que imaginava: "Como fui pego em tudo isso? Eu nunca pedi para ser ator." Ele sempre quis sair. Você precisa observar a energia dele quando ele fica nervoso com o pai, cara, isso o fere e é isso o que acontece, sabe? Oh, mas eu me vejo como ele. [Michael grita] " Mac venha aqui!" o grito...
SB: Então isso te relembra o que você teve que passar? Ele fez muitas escolhas que você fez. Ele tentou segurar a infância dele o quanto possível. Mas há outras estrelas mirins que não conseguiram, como Brooke Shields, que para o mundo parece não ter tido escolhas na infância, ela não tentou redescobrir a infância dela. Você acha que é um preço? Você acha que Macaulay Culkin, você e outros possam ser mais saudáveis porque entendem o que perderam e que precisam compensar?
MJ: Sabe, com certa pessoas eu entendo e com outras não. Com ela começou como sendo modelo, então não era como estar no set o dia todo, todos dos dias. Ela era modelo. Ela não era uma estrela de cinema até querer. Eu acho que foi em Pretty Baby onde ela interpretou uma prostituta na idade de... Eu acho que foi por volta dos 12 anos. Era mais fotografia, então não era como foi para nós, o dia todo, da manhã à noite. Eu acho que isso afeta as pessoas de formas diferentes, mas é sempre a mesma coisa. Ela é doce, esperta. Não é uma tonta. Ela é esperta mesmo. Muita gente pensa que quando alguém bonito é tonto também. Mas ela é muito esperta.
SB: Quais outras estrelas mirins você teve amizade?
MJ: Não sobraram muitas delas. O que assusta. Muitas delas se destroem.
SB: Aos treze anos, você se tornou personagem de uma série de desenhos animados. Foi difícil lidar com isso?
MJ: Eu acordava toda manhã de sábado. Mal podia esperar.
SB: Para assistir os Jacksons?
MJ: Para assistir o desenho dos Jackson Five. Eu me sentia tão honrado por ter virado personagem de desenho. Eu estava tão feliz, você não faz ideia. Não tinhamos que fazer nada. Era a voz de outra pessoa. Eles só nos 'animaram' e usaram nossas canções que cantamos por anos e anos.
Eu me lembro de estar em Brunei para fazer um show para o Sultãoe eu estava num hotel. Era o hotel mais bonito que eu já tinha visto na vida e eu estava lá deitado na cama e na TV estava passando o desenho dos Jackson Five, e eu não podia acreditar. Era exibido o tempo inteiro. A mesma companhia fez os BeatlesThe Osmonds e os Jackson Five.
SB: Então era uma das coisas que você mais gostava?

MJ, Oh, eu adorava.

SB: Isso fez você se sentir mais conectado com as crianças pelo mundo? Pois você sabia
que elas iriam assistir, certo?

MJ: Eu adorava. Me pôs em outro mundo. Era como "Deus, eu estou em outro mundo." Eu me senti especial. Eu acho que me senti mais especial por isso do que pelos hits records e shows e tudo. Isso me impressionou mais do que qualquer outra coisa.

Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach
www.michaelfasmj.blogspot.com






 





Michael fala com Shmuley (parte 45)


Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach foram gravadas entre agosto de 2000 e abril de 2001. Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte 45 - Sobre o medo de envelhecer.

SB: Então você quer ter uma vida longa?

MJ: Deixe eu retratar essa palavra 'jurar' por que eu não juro por Deus. Eu retrato isso. Eu não quero usar essa palavra. Pergunte isso de novo?
SB: Você disse que quer desaparecer. Você acha importante desaparecer?
MJ: Eu não quero uma [vida] longa... Eu não gosto, eu não gosto, não gosto. Eu acho que envelhecer é a coisa mais feia. Quando o corpo deteriora e começa as rugas, eu acho isso feio. Eu não quero, isso é algo que eu não entendo. Eu realmente não entendo. E as pessoas dizem que envelhecer é bonito e isso e aquilo. Eu discordo. Discordo totalmente.

SB: Então você quer morrer antes que isso aconteça?
MJ: Humm.. Eu não quero envelhecer. Eu gostaria de...
SB: E se você puder permanecer jovem em espírito, Michael?
MJ: Sim, isso é importante para mim.
SB: Você pode ter rugas, mas não quer ver Prince e Paris crescer?
MJ: Sim, eu quero.
SB: Não quer ver os filhos deles?
MJ: Eu só não quero ficar velho e começar a esquecer. Eu quero sempre ser juvenil e ter energia para correr por aí e brincar de esconde-esconde, que é a minha brincadeira favorita. Eu queria tanto brincar pela casa da última vez que estivemos lá, pois a casa é grande para isso. Um, Eu odeio ver gente envelhecendo, Shmuley.
SB: Você não tem visto pessoas que envelhecem, mas mantém sua juventude. Eles comportavam como se ainda fossem jovens?
MJ: Sim, quando se tem um coração jovem, eu amo isso. Quando eles começam a esquecer e a enrugar, [e] seus corpos começam a deteriorar, isso me machuca. Ou quando eles ficam...
SB: Com quem aconteceu isso, dentre aqueles que você amou? Sua mãe envelheceu para você? Seu pai? Algum outro artista que você conheça na indústria, que envelheceu?
MJ Sim, pessoas que amei muito e que morreram e eu não entendo porquê. Eu era apaixonado por esse homem, apaixonado. E ele era meu amigo, Fred Astaire, e não entendo. Veja, Fred, desde que eu era pequeno, um menino, Fred Astaire vivia bem perto de nossa casa e ele costumava conversar comigo o tempo inteiro quando eu era pequeno e sabe... ele me ensinava coisas, ele me dizia 'sabe você vai ser uma grande estrela' e toda essa coisa e eu nem pensava nisso quando era pequeno. E vê-lo dançar nos filmes, eu fiquei maravilhado. Eu não sabia que alguém podia se mover tão belamente, sabe? e... quando eu o vi chegar ao ponto...
Um dia ele disse para mim: "Sabe Michael, se eu der um giro agora, eu cairia de cara. Meu equilíbrio se foi totalmente." E quando ele atendeu a porta de casa, quando fui visitá-lo, era assim que ele [andava], desse jeito, Shmuley. Pequenos passinhos e isso me partiu o coração. Aquilo me machucou, e no dia em que ele morreu, aquilo me matou, me matou. Me destruiu. E isso é...
SB: Mas o que aconteceu com [Princesa] Diana, aquilo foi uma tragédia enorme, Michael.
MJ: Aquilo foi uma tragédia enorme. Aquilo me matou. Matou todo mundo, eu acho.
SB: Não é bom morrer jovem. Te faz um mito. Mas a vida é tão preciosa, não é?
MJ: A vida é bela e preciosa.
SB: Então você acha que um dia você vai se tornar apenas um mito.
MJ: Olha, por que não podemos ser como as árvores? Isso é, elas perdem suas folhas no inverno, e retornam mais belas ainda na primavera, sabe? É um senso de imortalidade nelas, e a Bíblia diz que o homem foi feito para a imortalidade. Mas por causa do pecado e tudo isso, temos a morte.
("Por intermédio de um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens por que todos tinham pecado -... Pela falha de um só homem a morte reinou... Pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores." Romanos 5:12,17,19) 

SB: Mas talvez você vá para um lugar diferente, para um lugar maior, e sua alma, sendo de repente irrestrita, pode de verdade chegar mais perto das pessoas. Pense nisso. Deus está aqui agora, Michael. Nós dois acreditamos nisso, embora não possamos tocá-lo ou senti-lo. A alma das pessoas que amamos é diferente?
MJ: Eu amaria voltar como, como uma criança que nunca envelhece, como Peter Pan. Eu desejo, eu gostaria de acreditar que isso seja verdade, que eu possa continuar voltando. Eu espero que isso seja verdade, eu adoraria acreditar nisso, Shmuley.
SB: Em reencarnação? Manter-se reencarnando como bebês?
MJ: Sim, embora nossa religião [Testemunha de Jeová] fale contra isso, não há coisa como [reencarnação]... Quando você morre, a alma morre e se torna como esse sofá, os mortos, sabe? Mas há a promessa de ressurreição e tudo mais.
("Todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz e sairão." João 5:28 - "Eu tenho esperança para com Deus... de que haverá uma ressurreição tanto de justos quanto de injustos." Mateus 24:15 - "O mar entregou os mortos neles, e a morte e o Hades entregaram os mortos neles, e forma julgados invidualmente segundo suas ações. E a morte e o Hades forma lançados no Lago de Fogo" Apocalipse 20: 13, 14)
SB: Mas para os Hindus, eles acreditam que voltam.
MJ: Eu gostaria de acreditar, e eu gosto do que os egípcios e os africanos fazem para enterrar [seus mortos]... Eu gostaria de ver, nós gostariamos de ver, como é o outro lado, não é mesmo?
SB: Desejamos saber o que há depois da vida,como é o céu.
MJ: Sim, por que há muitos conceitos.
SB: Você acha que há crianças brincando no céu?
MJ: Oh, Deus, eu rezo para que seja assim.
SB: Há adultos brincando lá também?
MJ: Eu pensaria que sim e pensaria que eles seriam bem como as crianças. Como Adão e Eva, é um jardim feliz, um lugar pacífico e perfeito. Eu rezo para que seja assim.
SB: Você tem medo da morte?
MJ: Sim.

SB: Todos nós temos.

MJ: Eu sempre disse que gostaria de ser enterrado onde haja crianças. Eu as quero perto de mim. Eu me sentiria mais a salvo assim. Eu as quero perto de mim. Eu preciso do espírito delas me protegendo. Sempre vejo isso em minha mente e eu me vejo... eu odeio ver isso. Eu me vejo e vejo crianças jazendo para me proteger.

Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach
www.michaelfasmj.blogspot.com










Michael fala com Shmuley (parte 46 - final)

Essas conversas entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach foram gravadas entre agosto de 2000 e abril de 2001. Michael não falava mais com o rabino depois de 2001, devido ao fato de Shmuley estar roubando o dinheiro do centro de caridade 'Heal The Kids Charity' de Michael Jackson.

Parte final - Sobre o que o mantém vivo.

SB: Então você diz que o melhor que já aconteceu com os Beatles foi o fato deles terem se separado, e por isso tiveram essa longevidade, porque, de repente, kaboom! eles não estavam mais por aí, então não se poderia mais ficar entediado com eles?

MJ: Sim, Marilyn Monroe morreu jovem. Você não a viu envelhecer e ficar feia. Quero dizer que esse é o mistério de James Dean.

SB: E pessoas dizem sobre os Beatles: "Gostaria que eles estivessem juntos!"

MJ: Sim, sim.

SB: E você (o fã) se tornou parte do desejo então. O público os mantém porque quer muito que eles voltem.

MJ: Absolutamente, ou então eles se tornariam reclusos e velhos agora, e você não se importaria.

SB: Então esse é o argumento, Michael, para você um dia dizer "É isso!" e desistir?

MJ: Sim, eu gostaria de sumir de algum jeito onde ninguém pudesse mais me ver até certo ponto e apenas fazer o que eu faço pelas crianças, mas sem ser visto. Desaparecer é muito importante. Somos gente de mudança. Precisamos mudar nossas vidas. Por isso é que temos inverno, primavera, verão, outono.

SB: Ok, mas você quer uma vida longa e saudável. Você não quer desaparecer como, Deus me perdoe, do mesmo modo que essas outras estrelas desapareceram, do jeito que foi com Marilyn Monroe. Você não quer morrer jovem?

MJ: Um, você está me fazendo uma pergunta interessante. Tem certeza que quer minha resposta?

SB: Quero.

MJ: Ok, eu vou te dar uma resposta honesta. Ok, um: Meu maior sonho que deixei para trás - Eu alcancei todos os meus sonhos com a música e com tudo o que eu amo na música e entretenimento - Essa é a iniciativa das crianças, isso é o que estamos fazendo. Mas, um, porque eu não me importo [com nada mais], eu realmente não me importo, não me importo com a [carreira], eu honestamente não me importo, Shmuley.

O que me mantém seguindo em frente são as crianças, ou então eu iria, eu iria seriamente... Eu já te disse isso antes, eu juro por Deus que estou certo de cada palavra. Eu iria, eu me jogaria da torre se não fosse pelas crianças ou os bebês. E essa é a minha real e honesta resposta... e eu já disse antes, se não fosse pelas crianças eu escolheria a morte. Falo de todo o coração.
SB: Escolheria a morte como Marilyn Monroe?
MJ: De certa forma. Eu iria achar um jeito de sair do planeta pois eu não me importaria em viver mais. Estou vivendo por esses bebês e crianças.
SB: Você as vê como uma parte, uma centelha de Deus na terra?
MJ: Eu juro que são.
SB: Então para você é a coisa mais espiritual do mundo?

MJ: Não há nada mais puro e espiritual para mim do que crianças e eu não consigo viver sem elas. Se você me disser agora: "Michael, você nunca mais poderá ver outra criança" Eu me mataria. Eu juro para você que me mataria por que não teria mais pelo o que viver. É isso. Honestamente.

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